23 de dezembro de 2024

MINEIRIDADES: A Cultura Popular Resistente Do Norte De Minas E Vale Do Jequitinhonha

By Matheus Mattuvo dez13,2024

O interior de Minas Gerais é, sem dúvidas, um celeiro infindo de manifestações culturais tão potentes quanto nenhum outro lugar do Brasil. A cidade de Taiobeiras é um exemplo claro dessa diversidade cultural, a começar por uma das entidades culturais mais antigas da região: o Centro Cultural Maciel do Rego, que, com mais de 32 anos desde sua fundação em 1991, vem apoiando diversas manifestações culturais, como o Festivale – Festival de Cultura Popular do Vale do Jequitinhonha. O centro realizou três edições do FESTÂIO – Festival de Arte e Cultura do Norte de Minas, organizou feiras de artesanato e fomentou grupos de capoeira tradicionais, entre eles o grupo do Mestre Gilson Diniz, popularmente conhecido como Diquinha. Também deu suporte a grupos de teatro, como Vovô Maciel e Expressart & Cia, e apoia atualmente outros grandes artistas e grupos, como o Coletivo Flor de Pequi, que realiza um trabalho cultural diverso e muito importante para o Vale do Jequitinhonha e Norte de Minas.

Podemos citar o multiartista premiado Felipe Cortez, cineasta, ator, cantor, escritor, produtor cultural e ativista; o contador de histórias, ator, musicista e produtor cultural Bruno Dias; o ator, musicista, ativista e produtor cultural Murilo Santos de Oliveira; Marileide Alves Pinheiro, cineclubista e produtora cultural que mantém seu grupo de teatro Encena há muitos anos; e ainda Romário Barbosa (Romarão), compositor, músico, artista plástico e produtor cultural. Os talentos incríveis de Neiva Porto e Yure Colares também são dignos de destaque, com uma longa carreira musical na região. As mestres artesãs Isabel Rodrigues e Lucineia de Souza Barbosa e tantos outros continuam a expor seu trabalho mundo afora. 

Além disso, temos o grupo de cultura tradicional e popular “As Camponesas”, formado, em sua maioria, por mulheres que realizam um trabalho de preservação e resgate da cultura de bandeiras e de folia de Reis. O grupo de teatro Travessia Cultural, com mais de três anos de trabalho e composto principalmente por estudantes da rede pública de Minas Gerais, vem realizando performances teatrais de altíssima qualidade em toda a região. Forrozeiros e forrozeiras com longa trajetória, como Tim Santana e Cleya Santos, e cantoras como Margo Rocha e Jane Oliva, além do cantor e maestro Beto Durães, vencedor e participante de diversos festivais com uma carreira respeitável, também merecem ser mencionados. As bandas de rock, como Hysteria e Wave Rock, têm feito um movimento significativo na região. A artista plástica, atriz, cantora e produtora cultural Nívea Fernandes vem se destacando há um bom tempo com sua arte. 

Esse é um verdadeiro celeiro de talentos de altíssima qualidade, que representa muitos outros nomes que não foram citados, mas que são tão importantes quanto. Não é à toa que a grande Marina Sena seja filha de Taiobeiras.

Mesmo com tanta potência, os desafios ainda são muitos. Os artistas do interior sofrem com a falta de recursos e a ausência de espaços públicos adequados para suas manifestações artísticas. A prefeitura de Taiobeiras através da Secretaria de Cultura tem sido de suma importância para que ações culturais continuem suas produções e ganhem cada vez mais reconhecimento. 

Fica aqui o apelo aos órgãos públicos:  ao Governo de Minas Gerais, especialmente à Secretaria de Cultura, para que trabalhem junto com esses artistas e grupos, possibilitando a preservação e a promoção dessa rica mineiridade cultural única, que potencializa o turismo e as tradições do estado e do país.

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